A avaliação da reserva ovariana é uma ferramenta importante na prática clínica para estimar a fertilidade feminina, e o hormônio anti-mülleriano (AMH) é um marcador amplamente utilizado para esse fim. O AMH é produzido pelas células da granulosa dos folículos ovarianos em desenvolvimento e tem um papel fundamental na regulação do recrutamento e crescimento dos folículos ovarianos.
A dosagem sérica do AMH é considerada uma medida indireta da reserva folicular e da capacidade reprodutiva da mulher, pois as concentrações da AMH em adultos do sexo feminino refletem o número de pequenos folículos que entram na fase de crescimento do seu ciclo de vida, que é proporcional ao número de folículos primordiais que permanecem no ovário ou na reserva ovariana.
A AMH diminui ao longo da vida reprodutiva da mulher, o que reflete a diminuição contínua do conjunto de oócitos/folículos com a idade e, por conseguinte, com o envelhecimento ovariano e tem sido utilizada na avaliação da reserva ovariana principalmente para prever a resposta de uma mulher infértil a uma estimulação ovariana controlada. Os níveis de AMH podem ser usados, portanto, para estimar o tempo até a menopausa e diagnosticar falência ovariana prematura.
Estudos de pesquisa também têm demonstrado que a AMH pode ser utilizada para prever quanto tempo uma determinada mulher tem até entrar na menopausa. Além disso, pode diagnosticar e monitorar mulheres com síndrome do ovário policístico.
O AMH é preferido como marcador da reserva ovariana devido a várias características favoráveis:
•Estabilidade ao Longo do Ciclo Menstrual: Diferente de outros marcadores como o hormônio folículo-estimulante (FSH), cuja concentração varia ao longo do ciclo menstrual, os níveis de AMH são relativamente estáveis durante o ciclo, facilitando a coleta e interpretação dos resultados.
•Correlação com a Reserva Ovariana: O AMH apresenta uma correlação direta com a contagem de folículos antrais (AFC), que é um indicador direto da reserva ovariana. Quanto maior a contagem de folículos antrais, maior será a concentração de AMH. Com a idade, os níveis de AMH diminuem progressivamente, refletindo a diminuição da reserva ovariana.
•Prognóstico em Reprodutividade Assistida: Em tratamentos de reprodução assistida, o AMH pode ser utilizado para prever a resposta à estimulação ovariana e o risco de síndrome de hiperestimulação ovariana. Níveis mais baixos de AMH estão associados a uma baixa resposta à estimulação ovariana, enquanto níveis elevados podem indicar uma boa reserva ovariana ou até um risco aumentado de hiperestimulação.
A dosagem do AMH como marcador da reserva ovariana oferece várias vantagens como a Alta Sensibilidade e Especificidade, isto é, o AMH é considerado um marcador sensível e específico para a avaliação da reserva ovariana, especialmente em comparação com outros hormônios como FSH e estradiol.
Algumas condições e fatores podem influenciar os níveis de AMH, como obesidade, uso de contraceptivos hormonais e cirurgias ovarianas prévias podem alterar os níveis de AMH, dificultando a interpretação isolada desse marcador.
O AMH é, portanto, um marcador amplamente reconhecido e utilizado para avaliar a reserva ovariana. Sua dosagem fornece informações valiosas sobre a função ovariana, auxiliando no diagnóstico de distúrbios reprodutivos, no aconselhamento sobre a fertilidade futura e na condução de tratamentos de reprodução assistida. No entanto, deve ser interpretado em conjunto com outros parâmetros clínicos e laboratoriais, considerando possíveis variações e fatores que podem influenciar seus níveis.
Texto elaborado por Dr. Gustavo A. Campana (CRM 112.181)